Surfistas comemoram 35 anos de associação

Atletas com vitórias internacionais despontaram nas competições em Itacoatiara

NITERÓI- Desde os primórdios dos torneios de surfe em águas brasileiras, lá pela década de 70, Itacoatiara é berço de atletas de destaque. Do já de cabelos brancos Angelô “Giló”, de 63 anos, à novíssima geração representada pelo bicampeão estadual Valentino Belga, de 12, praticamente todos os surfistas da cidade despontaram nas competições da Associação de Surfe de Niterói, a ASN. Terceira associação mais antiga do país, ela comemora seus 35 anos amanhã, numa festa na Boate Casa, em Icaraí.

Primeiro contato da molecada com competições, o circuito revelou surfistas que levantaram a bandeira brasileira mundo afora. Vencedor em todas as categorias do niteroiense, Ricardo Tatuí foi o primeiro surfista da cidade a conquistar uma etapa da Liga Mundial de Surfe. Foi em 1994, na França, com direito a vitória contra Kelly Slater. Já o último da cidade a levantar o caneco no mundial foi Bruno Santos, em 2008, na onda de Teahupoo, uma das mais pesadas e tubulares do mundo.

A intimidade de Bruninho com aquele tipo de onda vem do que ele aprendeu em casa. Reconhecida como a onda mais pesada do Brasil, Itacoatiara fez dele um dos melhores surfistas de tubo do planeta. Assim como Tatuí, Bruninho venceu todas as categorias da ASN e hoje é um dos poucos surfistas vistos na praia em dia de mar realmente grande. Não à toa, ano passado surfou ali a maior onda do país.

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— Meu primeiro título foi o niteroiense. Lembro que dava um frio na barriga na véspera, aquela expectativa da competição, de como estaria o mar em Itacoatiara. Essa fase de início nas competições é a melhor época que tem — lembra Bruninho, que hoje divide seu tempo entre Itacoatiara, os meses viajando em busca de ondas, e a vida com a mulher, Deborah, e as duas filhas.

EXPERIÊNCIA PASSADA A DIFERENTES GERAÇÕES

Uma geração acima dele está o veterano Guilherme Herdy, de 41 anos, que durante mais de uma década competiu na Liga Mundial. Tanta bagagem é passada para os alunos e atletas que ele treina em Itacoatiara.

— O circuito niteroiense é um pontapé muito bom, e o mais importante é manter isso acontecendo. Hoje, os brasileiros estão no topo do Mundial, contam com um suporte ótimo. É muito legal saber que fiz parte do processo de construção disso — comenta Herdy, também várias vezes campeão da ASN.

Tetracampeão estadual em sua categoria, o niteroiense Luca Nolasco, de 16 anos, reconhece:

— Sempre vi o Bruninho e o Herdy como exemplos. É o maior incentivo saber que eles saíram daqui e foram ao Mundial.

Quem bebeu da mesma fonte e se destacou na cidade foi a surfista Rayza Silveira, de 25, pentacampeã invicta da ASN. Com poucas competidoras, a categoria feminina do circuito niteroiense parou de existir em 2013, mas Rayza segue vestindo a camisa de lycra. Na semana passada, tornou-se bicampeã carioca universitária.

— Dá muita saudade de competir aqui em Itacoatiara. O clima do campeonato é absurdo. Dentro e fora d’água, é todo mundo conhecido — conta Rayza, que hoje dá aulas de surfe no canal de Itaipu.

Presidente da ASN, Renato Bastos, o Mundongo, comemora as três décadas e meia de campeonatos ininterruptos.

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— Hoje é considerado o mais importante circuito amador porque é uma competição que revela, que funciona — destaca Mundongo.

Já o relações-públicas da Federação de Surfe do Estado (Feserj), Gilberto Pereira, lembra que festa é uma tradição após os campeonatos. Este ano, a comemoração acontece com show de Rodrigo Santos, do Barão Vermelho:

— É algo que se agregou à cultura das competições. A relação entre música e surfe é uma tradição desde os antigos festivais em Saquarema.

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